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Fernanda Herthel

FASCÍCULO 1:
A história do bordado de pedrarias
e da técnica da agulha comum


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Fonte: Imagens da internet - Utilizadas para fins educativos
Eu acho que você nem faz ideia, mas a história do bordado de pedrarias remonta ao início da humanidade. Porque essa arte, de bordar pedrinhas na roupa, é algo tão conectado com as expressões e necessidades humanas, que começou na idade da pedra, acredita?
Veja essa representação fiel de uma mulher neandertal, que viveu a cerca de 38.000 mil anos atrás (foto ao lado). Perceba como a roupa dela, é bordada com miçangas. Essas contas eram feitas de ossos, pedras, dentes e conchas (foto ao lado). E o uso das pedrarias como adorno é tão antigo, que foram encontradas em sítios arqueológicos, pedrarias que datam de 75.000 mil anos atrás, tornando o uso das miçangas uma das mais antigas expressões de individualidade e status da humanidade.
Essa descoberta inclusive revela que o pensamento simbólico e artístico do ser humano, a necessidade de fazer algo apenas para se enfeitar e se sentir bem, é mais antigo do que imaginávamos! E adivinha com qual agulha e com qual técnica esses homens primitivos bordavam? Acertou se você disse: Com uma agulha de mão comum. Que na época deles era talhada em ossos (foto ao lado).
Com o avanço das civilizações, os materiais começaram a ser aprimorados. As primeiras contas de vidro conhecidas, eram egípcias, a cerca de 4.000 mil anos atrás. Elas eram feitas de argila, mas tinham um revestimento fino de vidro brilhante (foto ao lado). As miçangas eram usadas por faraós e sacerdotes, para mostrar status e hierarquia. Com os romanos, veio a invenção do forno que fabricava as pedrarias em vidro translúcido e em grande escala. Um tipo de fabricação que se mantém viva até os dias atuais, produzindo canutilhos, vidrilhos e miçangas. Foi só no século XIV que surgiram as técnicas de bastidor, como o bordado de Luneville, o Zardozi, entre outros. Em meio a tantos colapsos de impérios, guerras e conflitos religiosos, a fabricação das pedrarias se dispersou, e muitos dos segredos dessas indústrias foram revelados para mundo. O bordado de pedrarias então, dominou totalmente as vestimentas dos clérigos nas igrejas. As vestes dos reis. Das rainhas e de toda a corte. Bordados feitos em muranos, fios de ouro, pérolas e pedras preciosas.
Em meados do século XIX, surgiu a Alta Costura (foto ao lado). Que elevou o bordado de pedrarias ao patamar máximo de luxo e sofisticação. O império da moda, os desfiles, o desejo… A ostentação do brilho! E foi assim que nós chegamos aos bordados do dia de hoje!
Mas talvez você esteja pensando: E como o bordado de pedrarias no Brasil entrou nessa história? Bom, e melhor a gente voltar lá para o ano de 1808, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil Colônia. Com a chegada da família real no Brasil, logo surgiu a expressão brasileira do bordado de pedrarias.
Misturando o estilo francês, que a corte portuguesa copiava, tradições indígenas e influências africanas. Nascia assim, o mais puro bordado de pedrarias brasileiro. Que hoje nós vemos no carnaval carioca, nas vestes das passistas na avenida (foto ao lado), no brilho do paetê, na saia da porta bandeira. Tem os bordados do Bumba Meu Boi (foto ao lado), em São Luiz do Maranhão, tradição do junina do Nordeste do nosso Brasil, que enche de brilhos o couro do boi. Temos os bordados que brilham nas passarelas, marca registrada do artesanato tradicional Mineiro, a favor da indústria da moda. Tem os bordados da Festa do Boi Garantido, na fantasia da Cunhã-Poranga, representando a força da cultura amazonense, assim como os bordados do Boi Caprichoso, nas vestes da guerreira cheia de miçangas no norte do nosso Brasil. E você já ouviu falar do Carnaval à Cavalo, de Bonfim, Minas Gerais? Ele vem com seus trajes de batalha impecavelmente bordados com pedrarias sobre uniformes de veludo (foto ao lado). Temos também os bordados de pedrarias, da semana de moda brasileira, o São Paulo Fashion Week, vitrine da moda no Brasil para todo o mundo. Além do emocionante bordado de pedrarias feito para a celebração de devoção e fé, em Belém do Pará, na apresentação que revela a veste sagrada de Nossa Senhora, antes do Círio de Nazaré (foto ao lado). Esse é o bordado de pedrarias do Brasil, brilhando de Norte a Sul do nosso país.